Busca

VOLTAR PARA O PORTAL DE NOTÍCIAS

Meio Ambiente e Urbanismo

Fóssil de mamífero pré-histórico começa a ser coletado

Por Meio Ambiente e Urbanismo

Publicado em 29/08/2014

O subsecretário de Meio Ambiente da Prefeitura de Itaboraí, André Pereira, esteve, nesta sexta-feira (29/08), no Parque Paleontológico de São José, onde foi encontrado recentemente um fóssil de um xenungulado (Carodnia Vierai), animal que habitou exclusivamente as redondezas da Bacia de Itaboraí, há cerca de 55 milhões de anos.

jornal - Descoberta e  Escavação  de Fossil no sitio Paleontológico de  São josé  - Biólogo Luis Otavio Castro  -  foto Sandro Giron (2)

“Esse achado é de grande importância para a ciência, mas também para o Parque, que ganha cada vez mais visibilidade, possibilitando a aproximação de novos parceiros para nos ajudarem a investir em melhorias de acesso e sinalização, democratizando o espaço para toda a população”, disse Pereira.

Ao longo do dia, André, ao lado de Luis Otávio Castro, responsável pela descoberta, Lilian Bergqvist, paleontóloga que faz estudos na área há 20 anos, e sua equipe, iniciaram a coleta do fóssil, que deverá ser concluída na próxima segunda-feira (01/09), devido à dificuldade de extração dos ossos do calcário em que se encontram.

jornal - Descoberta e  Escavação  de Fossil no sitio Paleontológico de  São josé  -  foto Sandro Giron (4)

“Vamos, agora, iniciar os estudos laboratoriais para reafirmar a espécie, que já sabemos que se trata do Carodnia Vierai. Em seguida, vamos registrar tudo o que identificarmos, baseados na literatura já existente e na morfologia dos animais atuais, como a comparação que pudemos realizar com a anta, embora não seja uma parente”, disse Bergqvist.

O fóssil será encaminhado para análise no Laboratório de Macrofósseis da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No local, que já conta com uma réplica do esqueleto montada por Bergqvist, eles serão tombados para, posteriormente, retornarem ao Parque de São José, onde permanecerão para observação pública.

“Sou nascido e criado aqui e é um privilégio inestimável ter encontrado esse fóssil. Isso só demonstra o grande potencial científico que tem o nosso parque. E me dá muito prazer ver o crescimento do interesse da população local pela história. Vejo hoje muitas crianças passando por aqui e dizendo que, quando crescerem, sonham em ser geólogas ou biólogas”, disse Luis Otávio Castro, que também é gerente do Parque, e realiza o trabalho de guia durante as visitas agendadas pelos estudantes e a população em geral.

O Carodna Vierai é o maior mamífero do Paleoceno já descoberto, medindo cerca de 2,5 metros de comprimento por 1 de altura. Seu peso é estimado em mais de 400kg. A comparação com a anta se dá devido ao seu tamanho e formato do corpo semelhantes a ela. Seu parente mais próximo já encontrado é o Carodnia Feruglioi, um pouco menor, que habitava a região da Patagônia argentina.

O Parque Paleontológico de São José

Em 1928, um fazendeiro achou pedaços de rocha que considerou interessantes. Levou para análise e descobriu que se tratava de calcário. Com isso, a área foi vendida para a Companhia Nacional de Cimento Mauá, que aproveitou o material na construção da Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói) e do Estádio Mário Filho (Maracanã). A fábrica foi visitada por grandes personalidades, incluindo alguns presidentes da república, sendo considerada uma das experiências mais bem-sucedidas de fabricação de cimento no país.

Com a exploração mineral, descobriram-se vestígios arqueológicos. E quando o calcário terminou, em 1984, restou uma depressão de 70 metros, que foi progressivamente coberta com água da chuva e de veios subterrâneos, erguendo um grande lago. Seis anos depois, em 1990, a Prefeitura Municipal de Itaboraí declarou a área de utilidade pública, através de um processo de desapropriação. Com isto, em 1995, nascia o Parque Paleontológico de São José, eleito pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), órgão ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), um dos patrimônios da humanidade.

No Parque já foram descobertos fósseis de diversos mamíferos, gastrópodes, répteis e anfíbios, se destacando o tatu mais antigo do mundo e o ancestral das emas. Ambos do Paleoceno, datados de cerca de 55 milhões de anos. Foram achados, também, fósseis de preguiça gigante e mastodonte, da Idade Pleistocênica (aproximadamente 20 mil anos). Também foram encontrados restos arqueológicos, evidenciando a presença do homem pré-histórico no local.

Compartilhe